segunda-feira, 9 de agosto de 2010

WRITING: COMO REDIGIR CORRETAMENTE EM INGLÊS 1 / by Ricardo Schütz

ENGLISH IN WRITING
COMO REDIGIR CORRETAMENTE EM INGLÊS


Ricardo Schütz

INTRODUÇÃO

Enrolar, enfeitar a jogada, enfeitar a noite do meu bem, encher lingüiça, são expressões populares usadas para referir-se ao hábito do uso da retórica na linguagem. Este é um vício remanescente de séculos passados, quando a linguagem escrita era uma arte dominada por poucos e a sua função era predominantemente literária. Retórica era sinal de erudição, e por vezes a forma chegava a se impor sobre o conteúdo.

Nos tempos modernos, entretanto, com a internacionalização do mundo e com o crescente desenvolvimento da tecnologia de comunicação, a funcionalidade dos idiomas como meios de comunicação clara e objetiva se impõe a tudo mais.

Especialmente no caso do inglês, hoje adotado como língua internacional, esta tendência é marcante. O inglês moderno na sua forma escrita não tolera retórica. No comércio internacional, na imprensa escrita, e nos meios acadêmicos exige-se cada vez mais clareza. Frases longas, adjetivação excessiva, tom vago, textos que exigem maior esforço para serem compreendidos, falta de concisão, todas estas características facilmente são consideradas pobreza de estilo. A beleza do inglês moderno está na substância, na simplicidade, na clareza, e na integridade lógica.

Em paralelo a isso, a redação e editoração de textos via computadores está criando uma tendência à padronização do inglês na sua forma escrita. Pelo fato de ter sido um país de língua inglesa (EUA) o berço da informática, os softwares hoje existentes para processamento ou edição de textos oferecem recursos avançados para verificação gramatical de textos em inglês. Estes "grammar checkers" seguem todos os mesmos preceitos básicos, influindo de forma semelhante sobre quem redige, e conduzindo lenta e gradativamente a uma maior padronização na forma de escrever.

Por tudo isso pode-se dizer que redigir bem em inglês é mais fácil do que se imagina. A primeira condição, que apesar de elementar é muito pouco observada, é de que o texto seja sempre criado a partir de uma idéia. Em qualquer língua, texto escrito deve ser sempre o reflexo de uma idéia, que por sua vez origina-se em fatos do universo. A idéia é sempre anterior ao texto. Se a idéia não for clara, o texto também não o será.

Outra condição é domínio sobre o idioma falado. Seria difícil tentar redigir uma idéia a respeito da qual não conseguíssemos falar claramente. É por isso que traduções ou versões a partir de um texto em português, feitas com a ajuda de dicionário, normalmente produzem resultados desastrosos. A não ser quando se trata de documentos, e com ressalvas, não deveria existir o que chamam de tradução literal. Todo texto precisa ser interpretado, isto é: a idéia precisa ser entendida e então recriada, e diferenças culturais explicadas sob a nova ótica.


REGRAS PARA UMA BOA REDAÇÃO


1. Organize suas idéias em itens, faça um outline.

Itemizar os pontos importantes da idéia possibilita disciplinar seu pensamento, estabelecendo uma seqüência lógica entre os elementos da idéia. Possibilita também relacionar todos os pontos importantes e estabelecer uma hierarquia de importância entre eles. Um outline ou esboço normalmente contém uma introdução, desenvolvimento da idéia com discussão de todos os elementos, e conclusão.


2. Certifique-se de que cada oração tenha um sujeito e que o sujeito esteja antes do verbo.

Em português freqüentemente as frases não têm sujeito. Sujeito oculto, indeterminado, inexistente, são figuras gramaticais que no português explicam a ausência do sujeito. Isto no inglês entretanto não existe. A não ser pelo modo imperativo, toda frase em inglês normalmente tem sujeito. Na falta de um sujeito específico, muitas vezes o pronome IT deve ser usado. Além disso, em português muitas vezes o sujeito aparece no meio ou no fim da frase. Em inglês ele deve estar sempre antes do verbo (a não ser no caso de frases interrogativas), e de preferência no início da frase. Observe os seguintes exemplos:

* Está chovendo. (sujeito inexistente)
- It's raining.
* Ontem caiu um avião.
- An airplane crashed yesterday.
* Esses dias apareceu lá na companhia um vendedor.
- A salesman came to the office the other day.
* Cerca de dois meses atrás, justamente quando a empresa passava por sérias dificuldades de natureza financeira, compareceu à reunião da diretoria o representante dos nossos bancos credores para avisar que nossas linhas de crédito teriam que ser reduzidas.
- The representative of our creditor banks attended a directory meeting about two months ago to warn that our credit lines would have to be reduced, just when the company was going through financial difficulties.


Ao formar uma frase, o aluno deve acostumar-se a pensar sempre em primeiro lugar no sujeito, depois no verbo. O pensamento em inglês estrutura-se, por assim dizer, a partir do sujeito. A ordem natural e até certo ponto rígida dos elementos da oração em inglês é: Sujeito - Verbo - Complento. Comparando o ato de escrever com a montagem de uma peça teatral, poderíamos dizer que no português há uma tendência a se montar o cenário para então colocar-se o ator principal em cena. No inglês, a ordem normal seria inversa: primeiro coloca-se o personagem principal (sujeito e verbo) para então completar com a montagem do cenário (objetos, adjuntos adverbiais e adnominais e orações subordinadas).


3. Use frases curtas.

A idéia a ser comunicada deve ser dividida em partes na medida do possível. Uma frase excessivamente longa, além de aumentar as chances de erro, é sempre mais difícil de ser lida e entendida do que uma série de frases curtas. Textos em inglês normalmente contêm mais pontos finais e menos vírgulas do que em português. Exemplo:


Frase inadequada:
During my vacation in July, when I went to the south of France and other parts of central Europe, I bought many souvenirs and I saw many interesting places, both the normal tourist sites and the lesser known locations.

Forma mais adequada:
Last July I went on vacation in the south of France and other parts of central Europe. I bought many souvenirs and saw many interesting places. Some of the places I visited were the normal tourist sites, and others were lesser known locations.


4. Seja breve e evite o uso de palavras desnecessárias.

Tanto no inglês como no português existem certas palavras que devido à forma abusiva com que são usadas, deixaram de carregar qualquer significado. Tornaram-se modismos que servem apenas para conferir um falso tom de intelectualidade e confundir. Exemplo disso no português são as expressões realmente, evidentemente, efetivamente, a rigor, em termos de, a nível de, etc. No inglês temos expressões como: absolutely, as a matter of fact, actually, really, it seems to me, you know, etc., as quais pouco ou nada acrescentam à mensagem. Observe o seguinte exemplo:

Impróprio:
As a matter of fact, I'm absolutely tired. Actually that's the reason why I don't really want to go to the movies tonight.

Correto:
I don't want to go to the movies tonight because I'm tired.

Este princípio de economia em relação ao uso de palavras aplica-se também ao uso de formas desnecessariamente complexas.
Exemplos:


Complexo:
The multiplicity of functionality is really advantageous to the overall marketability of the product.

Correto:
The many functions of the product will help its sales.

Complexo:
After liquidating her indebtedness she was still in possession of sufficient resources to establish a small commercial enterprise.

Correto:
After paying her debts, she still had enough money to set up a small business.

5. Seja claro e objetivo.

Em qualquer idioma fatos sempre informam mais do que opiniões subjetivas. Não imponha ao leitor o seu julgamento; permita-lhe formar o seu próprio. É sempre desejável ser o mais claro e específico possível, substituindo palavras de mero efeito ou de significado vago, pela respectiva explicação. Exemplo:


Subjetivismo vago:
The speaker was fascinating to the audience
Correto:
The speaker presented his topic well, and the audience enjoyed his analogies from daily life.

Subjetivismo vago:
There is evidence that UFOs may actually exist.
Correto:
Several photographs, video tapes and testimonies show that UFOs may actually exist.

Subjetivismo vago:
I hate television.
Correto:
In my opinion the effects of television are very damaging. The soap operas portray dishonesty, violence, ill emotions, all kinds of negative social behavior, and the news is often biased.

6. Cuidado com o uso de Voz Passiva.

Voz passiva consiste em trocar o sujeito e o objeto direto de posição. O objeto assume a posição do sujeito, mas permanece inativo, isto é, passivo. Passa a ser um sujeito que não é autor de ação nenhuma. O verdadeiro sujeito, por outro lado, assume o papel de agente da passiva, sendo que neste papel deixa de ser essencial à oração, ficando freqüentemente omitido. Exemplos:

Voz ativa: The cat ate the mouse. O gato comeu o rato.
Voz passiva: The mouse was eaten by the cat. O rato foi comido pelo gato.
Voz passiva sem agente: The mouse was eaten. O rato foi comido.

No português, o uso da voz passiva é extremamente comum e apropriado ao idioma. O tom vago de uma voz passiva sem agente, assim como um sujeito indeterminado, são características típicas do português. No inglês moderno, por outro lado, a voz passiva chega a ser quase proibitiva porque destoa em relação à necessidade de clareza e de presença de fatos, limitando-se seu uso a casos em que o agente da passiva é desconhecido, irrelevante ou subentendido. Exemplos:

The store was robbed last night.
Toyotas are made in Japan.
Clinton was elected President.

- Exemplo de um texto em português normal, abundante em voz passiva:

Ficou decidido que os débitos deverão ser saldados até o final do mês de novembro, a partir de quando então serão cobrados com juros e correção monetária. Os plantadores em débito serão visitados pelo pessoal de campo e serão avisados a respeito das novas determinações.

- Como não deve ser redigido em inglês:
It has been decided that the debts must be paid before the end of the month of November, being after then collected with interest and monetary correction (inflation). The farmers in debt will be visited by the field personnel and will be notified of the new determinations.

- O mesmo texto redigido em inglês, de forma mais apropriada:

The company decided the farmers must pay their debts before the end of November. After that, interest and monetary correction will be added. Our field personnel will visit and notify the farmers of the new determinations.


7. Mantenha uma conexão lógica entre as frases fazendo uso correto de Words of Transition.

Words of transition ou Words of connection são conjunções, advérbios, preposições, etc., que servem para estabelecer uma relação lógica entre frases e idéias. O uso correto destas palavras de conexão confere elegância ao texto e, mais importante, solidez ao argumento. Exemplos:

* I went swimming. It was cold.
- I went swimming in spite of the cold weather. Although it was cold, I went swimming.

* Many people watch TV. I don't like to waste my time watching television. The quality of the programs is very poor. I'm going to read books. I'm not going to watch soap operas.
- Although many people watch TV, I don't like to waste my time watching television because the quality of the programs is very poor. Therefore I'm going to read books instead of watching soap operas.

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