segunda-feira, 9 de agosto de 2010

COMO ESCOLHER UM PROGRAMA DE INGLÊS - HOW TO CHOOSE AN ESL SCHOOL IN BRAZIL

COMO ESCOLHER UM PROGRAMA DE INGLÊS
HOW TO CHOOSE AN ESL SCHOOL IN BRAZIL

Ricardo Schütz
Atualizado em 26 de outubro de 2006

Numa época em que a habilidade de se falar inglês torna-se uma qualificação tanto cultural como profissional básica, indispensável, quando seu aprendizado exige um considerável investimento de tempo e dinheiro, ao mesmo tempo em que escolas e cursinhos de inglês instalam-se praticamente em cada esquina, em cidades grandes e pequenas, bombardeando-nos com mensagens publicitárias, torna-se necessário saber avaliar a qualidade daquilo que nos oferecem.

Enquanto o ensino fundamental não nos proporcionar essa qualificação básica, temos que obtê-la por outros meios. Este novo mercado para o ensino de inglês no Brasil cresce rapidamente e torna-se muito vulnerável ao comércio improvisado e amador, uma vez que é difícil para quem ainda não fala a língua estrangeira avaliar a qualidade do que lhe é oferecido. É comum o aluno estudar dois anos e se dar conta de que o método não deu resultado.

Este trabalho busca proporcionar orientações sobre como avaliar e escolher um programa dentre tantos que se propõem a ensinar pessoas a falar inglês.

Padronizado ou sob-medida?

Na escolha de um programa de treinamento em inglês, evite o ensino padronizado em pacote, aquele normalmente comercializado por meio de redes de franquia. É notório o fato de que diferentes pessoas têm diferentes ritmos de assimilação. Portanto, qualquer marcha predeterminada tipo Livro 1, Livro 2 dificilmente vai se adaptar de forma ideal às características individuais de cada um. Procure sempre um trabalho sob-medida, não seriado, que respeite o ritmo de assimilação de quem precisa de mais tempo e que saiba explorar o talento dos mais rápidos.

Além disso, diferentes pessoas têm diferentes interesses e diferentes necessidades. A eficácia do treinamento será maior se as atividades forem adaptadas às necessidades e aos interesses específicos de cada grupo e de cada aluno.

Propaganda

O limite que divide a informação baseada em fatos da propaganda enganosa é às vezes tênue, e o cliente menos precavido torna-se uma presa fácil. Principalmente quando se trata de um serviço que pode levar 2 anos para revelar sua ineficácia.

Não se deixe portanto influenciar por propaganda. Talento para marketing nem sempre coincide com preocupação acadêmica e eficiência pedagógica.

Um projeto de ensino de língua estrangeira deve explicar em qual teoria de lingüística se fundamenta e em qual teoria de aprendizado se inspira. Detalhes como ar condicionado, estacionamento, ambiente VIP, etc., são irrelevantes. Slogans do tipo "A melhor escola de ...", "instrutores altamente qualificados", "metodologia moderna", "método científico", "curso rápido", "escola nota dez", são frases de efeito apenas. Opiniões abstraídas de fatos são um desrespeito à inteligência do público alvo. Desacredite das empresas que fazem uso de mídia intrusiva, tais como tele-marketing, os chamados "outdoors" que carregam pouca informação e causam poluição visual, as melodias pegajosas veiculadas por rádio, ou as enganosas mensagens por TV apoiadas na estampa de astros populares.

Quem gasta muito em propaganda repassa este custo para o aluno ou acaba economizando no professor.
Leia aqui mais sobre marketing na educação.

Aula demonstrativa

Oferecer uma aula demonstrativa de língua estrangeira é como mostrar a muda do pé de laranjeira para tentar provar que as laranjas serão doces - para você saber se as laranjas serão doces, só depois de crescido o pé. Assistir a uma aula demonstrativa para saber se vai aprender é como olhar para o rosto dos noivos na noite de núpcias para saber se o casamento vai dar certo.

Se quiser assistir a uma aula demonstrativa, exija que seja com aquele que será o seu instrutor e leve junto um amigo que fale inglês bem para ter um diagnóstico, pelo menos, da qualidade do inglês que o instrutor fala.

Garantia de aprendizado

Qualquer promessa ou garantia de proporcionar fluência em determinado tempo, é enganosa por natureza, uma vez que o ritmo de desenvolvimento de proficiência em língua estrangeira pouco depende do método de ensino empregado. Depende, isto sim, do tempo de exposição à língua (em ambientes naturais e autênticos de comunicação), bem como do talento individual de cada pessoa. Além disso, o próprio conceito de aprendizado ou fluência é extremamente vago. Para iniciantes, significa alcançar qualquer nível intermediário que possibilite uma comunicação fácil sobre assuntos concretos e cotidianos; para outros que já alcançaram este objetivo, certamente fluência significa muito mais, e para definir os diferentes níveis existem testes de proficiência como o TOEFL, por exemplo.

Portanto, o máximo que uma escola pode garantir é que procura oferecer as condições ideais para que o aprendiz desenvolva sua proficiência e deve explicar os porquês. Qualquer promessa além disto é enganosa e desonesta.

Business English, inglês para viagens, etc.

Será que empresários, viajantes, secretárias, médicos, etc., falam línguas diferentes? É claro que não. O que pode variar é apenas uma parcela de vocabulário, e a fluência em línguas não está diretamente relacionada a simples familiaridade com vocabulário. O importante é assimilar o idioma uniformemente, em todos seus aspectos, tais como fonética, diferenças idiomáticas e vocabulário em geral, estruturação de frases, diferenças culturais, etc. À medida que desenvolve habilidade sobre a língua, o aluno naturalmente direciona a sua assimilação de vocabulário ao que lhe é mais útil. O bom ensino de idiomas é aquele individualizado, decorrente de interação humana, já naturalmente direcionado aos interesses de cada aluno, com o vocabulário já sob-medida, e não aquele atrelado a um plano didático nem limitado a quaisquer situações da realidade.

Veja com desconfiança anúncios do tipo Business English, English for Travel, etc., pois provavelmente se tratam de pacotes fechados, receitas prontas, comida enlatada.

Certificado

Em primeiro lugar, saibam todos que cursos de línguas são classificados como "cursos livres" pelo Ministério da Educação, não estando sujeitos a nenhum tipo de controle nem de reconhecimento.

Àqueles que dão importância a certificado, lembrem-se que o culto ao documento como instrumento de comprovação não passa de um vício da nossa cultura brasileira, herdado da aristocracia cartorial colonialista. Não se deixem influenciar por isso. O que vale mesmo é a habilidade adquirida. Se houver uma necessidade real de comprovação de proficiência, a pessoa deve procurar se submeter a um dos vários testes internacionais de avaliação de proficiência, como os norte-americanos TOEFL e TOEIC ou os britânicos IELTS e CPE.

Finalmente, vejam se o proprietário da escola é um investidor numa oportunidade de negócios ou um aficionado com qualificação acadêmica e competência lingüística e cultural. Vejam também se a escola depende de um pacote didático predeterminado e rígido ao qual instrutor e aluno têm que se adaptar, ou se dispõe de talentos individuais capazes de desenvolver sua própria didática.

LEIA AQUI UMA SÉRIE DE PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O SISTEMA DE FRANQUIA PARA O ENSINO DE LÍNGUAS

O fundamental é o professor.

Não se influencie pelo nome da escola, mas sim pelo currículo do instrutor. Não é a cor da camiseta que faz o bom jogador. O fato de escolas em diferentes cidades operarem sob o mesmo nome e usarem o mesmo livro não significa que sejam iguais, muito menos que os instrutores sejam todos bons. O fundamental (além da vontade do aluno) é o instrutor, não o nome da escola nem os materiais de ensino usados. Linguagem é comportamento humano, e habilidade sobre uma língua depende de prática no convívio e no contato pessoal com quem falam esta língua com naturalidade e desenvoltura. Plano didático, regras gramaticais, livros, fitas, videotapes ou CD-ROMs, podem constituir-se num complemento interessante, mas pouco lhe ajudam a desenvolver a habilidade funcional de que você necessita.

O que é um bom instrutor?

Quando pensamos em aprender inglês, na grande maioria dos casos isso se refere a desenvolver habilidade funcional em inglês; não necessariamente adquirir conhecimento sobre sua estrutura gramatical, nem estocar frases-modelo decoradas. Portanto, quando falamos de professor ou de instrutor de inglês, na verdade estamos nos referindo a uma pessoa que saiba funcionar como agente desta língua e desta cultura que desejamos assimilar e que, consciente do que necessitamos, saiba nos ajudar a desenvolver essa habilidade. São três os aspectos que definem a qualificação de um instrutor, os quais se complementam e devem ocorrer simultaneamente.

* Competência na língua e na cultura: A primeira e fundamental condição de um um bom instrutor de língua estrangeira é que fale muito bem o idioma, com fluência e naturalidade, e que tenha plena familiaridade com a cultura estrangeira. Para isso, no caso do inglês, se não for um nativo, deve ter no mínimo 1 ano e meio ou 2 de experiência em país de língua inglesa e proficiência equivalente a TOEFL 600+. Pronúncia, ritmo e entonação corretos bem como propriedade idiomática são fundamentais para não transferir desvios ao aluno. Infelizmente, fica difícil para quem ainda não fala inglês distinguir nos outros uma boa pronúncia de uma pronúncia distorcida pela interferência da língua materna (sotaque, pobreza idiomática, etc.). Isso torna o principiante uma presa fácil de cursos menos sérios. Por isso é sempre recomendável procurar conhecer o inglês de seu futuro instrutor na presença de um amigo que fale inglês muito bem, ou bem o suficiente para saber reconhecer uma pronúncia autêntica. Improvisação, pobreza idiomática e desvios gramaticais também são limitações freqüentemente observadas em instrutores de muitos cursinhos e também prejudiciais ao aluno.

* Características de personalidade: Além de plena competência lingüística e cultural, existem certas características de personalidade e habilidades no plano psicológico que são decisivas. O bom instrutor é normalmente descontraído, alegre, tem bom senso de humor, facilidade de relacionamento e sensibilidade para saber lidar com pessoas com diferentes graus de autoconfiança. Não é aquele que ostenta seu conhecimento lingüístico e corrige o aprendiz; é aquele que desenvolve autoestima e autoconfiança no aprendiz. É aquele que desempenha um papel de facilitador, colocando-se num plano de igualdade e não de superioridade. É aquele que explora o plano afetivo e empatiza com o aprendiz.

O bom instrutor é aquele que, ao perceber a realidade pela ótica do aprendiz, identifica, analisa e explica diferenças culturais. É aquele que se solidariza e se projeta dentro do aprendiz; que, em vez de livros e fitas, explora os pensamentos do aprendiz, seus interesses, seus valores e suas verdades, mesmo os mais íntimos, e ajuda o aprendiz a traduzi-los em linguagem precisa, correta e elegante. É aquele que se interessa mais pelo conteúdo da mensagem que o aprendiz tenta lhe transmitir do que nos desvios da linguagem utilizada. É aquele que apresenta a língua estrangeira na sua finalidade prática como meio de expressão, servindo ao aprendiz, e não levando-o a dobrar-se às regras e irregularidades da língua.

Tais habilidades muitas vezes fazem parte da natureza da pessoa, mas podem também ser desenvolvidas. Os aspectos psicológicos na relação ensino-aprendizado deveriam ser estudados e as respectivas habilidades treinadas, embora seja uma área pouco estudada e mesmo negligenciada pela maioria dos cursos universitários formadores de professores de línguas.

* Qualificação acadêmica: É indispensável que o instrutor tenha clara consciência dos conceitos de language learning e language acquisition e desejável também que tenha conhecimentos de psicologia educacional, lingüística comparada, diferentes métodos de ensino de línguas, fonologia e alguma experiência como instrutor.

Além dos cursos de Letras de universidades brasileiras, que oferecem estes conhecimentos em algumas de suas cadeiras, há os cursos profissionalizantes em TESL, TEFL, ou TESOL, do exterior. Destes, existem muitos, com uma diferença grande de custo, carga horária e qualidade. Há desde cursos online e cursos de 5 dias, até programas de um semestre oferecidos por universidades. Logicamente, quanto maior a carga horária, melhor, e, em geral, os oferecidos por universidades são melhores. Pode-se considerar de boa qualificação acadêmica o instrutor que tiver um Certification de universidade norte-americana ou canadense; ou um TKT, CELTA, CELTYL, ICELT da Universidade de Cambridge (Inglaterra). A mesma universidade também oferece o DELTA e o IDLTM, programas mais avançados que os anteriores.

Acima da formação em Letras e desses certificados profissionalizantes, vêm os mestrados em TESL, TEFL ou TESOL, qualificação ideal para diretores e orientadores pedagógicos de escolas. Mais recentemente universidades britânicas passaram a oferecer o TEYL (Teaching English to Young Learners), um programa de mestrado voltado ao ensino de línguas na infância.

Algumas universidades norte-americanas também oferecem programas de doutorado (Ed D e PhD) em TESOL, TESL, Second Language Acquisition, Applied Linguistics, e Educational Linguistics, os quais conferem ao candidato a mais alta qualificação existente atualmente na área de ensino de línguas. Atualmente existem nos Estados Unidos cerca de 165 programas de mestrado nessa área, e 29 de doutorado.

De uma forma geral, instrutores competentes normalmente trabalham por conta própria. Uma boa escola paga bem seus instrutores, exige uma graduação TOEFL mínima deles, dá-lhes liberdade de improvisar na sala de aula e terá interesse em publicar o nome e o currículo completo de cada um. Uma escola séria, em vez de expressões do tipo altamente qualificados, apresenta fatos assim: Fulano de Tal, TOEFL 624, TEFL Certificate da Universidade de Columbia, 3 anos de residência nos Estados Unidos, 5 anos de experiência no ensino de ..., etc.
LEIA AQUI UMA SÉRIE DE PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE COMO TORNAR-SE UM BOM PROFESSOR
VEJA MAIS AQUI SOBRE AS ATITUDES QUE CARACTERIZAM UM BOM INSTRUTOR (inglês)
LEIA AQUI SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE UM INSTRUTOR NATIVO E UM NÃO-NATIVO

Grupos e carga horária

O tamanho dos grupos também é fundamental. Quanto menor o grupo, melhores as condições para um bom instrutor criar um clima de afinidade e de comunicação. Uma escola preocupada mais com qualidade do que com lucratividade não coloca mais do que 6 ou 7 pessoas em cada grupo. Na dúvida, pergunte sempre para alguém que já fale inglês bem.

Atenção para a carga horária total de aulas. Um semestre de 35 horas não é o mesmo que um de 50.

INGLÊS NA INFÂNCIA
(COMO ESCOLHER UMA ESCOLINHA DE INGLÊS PARA CRIANÇAS)

Linguagem é um elemento de relacionamento humano.

A criança, mais do que o adulto, precisa de contato humano para desenvolver habilidades lingüísticas. Crianças têm grande resistência ao aprendizado formal, artificial e dirigido. Elas só procuram assimilar e fazer uso da língua estrangeira em situações de autêntica necessidade, construindo seu próprio aprendizado a partir de situações reais. Se perceberem que a pessoa que deles se aproxima fala sua língua materna, dificilmente se submeterão à difícil e frustrante artificialidade de usar outro meio de comunicação.

Além disso, só crianças conseguem assimilar uma segunda língua com pronúncia exata e isenta de outros desvios. Isto torna a qualificação do facilitador um elemento de importância fundamental. Se ele falar inglês com sotaque estrangeiro e com desvios idiomáticos que normalmente caracterizam aquele que não é nativo, a criança os assimilará, provavelmente para sempre. Portanto, além de habilidade no plano afetivo, o facilitador deve ter um domínio do idioma equivalente ao de língua materna; melhor ainda se for um falante nativo e tiver dificuldade com a língua materna da criança, pois isto reforça a autenticidade do relacionamento que se pretende construir e possibilita a inversão de papéis, fazendo a criança sentir-se por vezes superior e, dessa forma, desenvolvendo-lhe a auto-estima.

A criança não é ensinada, ela aprende. A nós cabe apenas criar o ambiente propício. Esse ambiente, ao contrário dos ambientes de adultos, que tendem a ser conceptuais e abstratos, deve ser material e concreto, com amplo espaço para improvisação e criação. No plano psicológico-afetivo deve haver uma conexão forte entre aprendiz e facilitador. Este deve saber desempenhar um papel mais de assistente e menos de líder, abrindo espaço nos momentos em que o aprendiz se predispõe a assumir a liderança.

Predeterminar o rumo desta relação através de um plano didático seria como criar um manual sobre como conquistar uma namorada ou como construir amizades. Atividades predeterminadas, sem lugar para improvisação, são intrusivas, inibem a criatividade e desrespeitam diferenças individuais. Quaisquer materiais ou atividades planejadas por adultos estariam na contramão, correndo o risco de se configurarem num subject-matter-centered plan, quando o que se deseja é um child-centered plan.

Portanto, se a escola que você visitar não souber demonstrar conhecimento e preocupação com o aspecto psicológico-afetivo do ambiente de aprendizado e apenas lhe mostrar orgulhosamente o material didático específico para ser usado com crianças, saiba que este não é o ambiente ideal para seu filho.


http://www.sk.com.br/sk-como.html

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